segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

6 Dicas do Livro Oficina de Escritores


Stephen Koch abre o livro Oficina de Escritores, Um Manual para a Arte da Ficção (Editora Martins Fontes) com dicas preciosas:

1)   Não há regras para ou o que escrever
2)   A vida do escritor geralmente transcorre em fases
3)   Cada nova fase implica uma espécie de novo começo
4)   Começar de novo é difícil (sempre)
5)   Começar de novo pode ser assustador
6)   Viver essa incerteza é uma experiência perturbadora, mas também grande e maravilhosa.
Ousem.
Escrevam.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A lista do goleiro mais rápido do mundo

A lista do goleiro mais rápido do mundo é de 1 pessoa só !

Durante o jogo dos rivais Manchester United e Manchester City, o City perdia por 1x0 e aos 47 minutos do segundo tempo, o goleiro resolveu cabecear uma bola na área adversária, vinda de escanteio.
Vejam o que ele conseguiu fazer.
Impressionante.


1 Conto meu premiado em 3º lugar na UFF

O tema do Concurso de Contos para comemorar o cinquentenário da Universidade Federal Fluminense - RJ foi "50 anos... e agora."

Segue abaixo o conto de minha autoria que obteve o 3º lugar no concurso. Não vejo a hora de receber o prêmio (livro editado pela EDUFF, editora da UFF) e ler os outros premiados !!!

Tantos Cinquentas...
...e agora no céu: Estou a trezentos mil quilômetros por segundo. Enfim conseguimos desenvolver uma espaçonave que viajasse na velocidade da luz. Li tanto Carl Sagan, absorvi os livros de Julio Verne, encantei-me com a luneta astronômica de Galileu, as anotações de Kepler, a ousadia de Gagarin e aqui estou, em transe entre riscos luminosos das estrelas. Daqui a quatro anos estarei passando por Alfa Centauro. Nunca mais retornarei à Terra. Perderei minha festa de aniversário de cinquenta anos, que será semana que vem. Ou que seria ? O tempo é aliado da imaginação. Parabéns então para mim. Não é bom comemorar sozinho, mas alguém tinha que fazer isso pela humanidade. Olha ! Os anéis de Saturno... já foram...e agora nas bodas: Parabéns a vocês, nessa data querida, muitas felicidades... E para os dois, nada ? Tudo. Como é que é ? ... Augusto e Conceição completam bodas de prata. O bolo de pão-de-ló com cobertura branca e recheio de doce de leite com ameixa é enorme. Dá para alimentar o quarteirão todo. O casal Soares merece. Os filhos tiram fotos, as duas noras que não se falam desde o último batizado estão de vestidos novos, os netos emocionados ao lado da mesa e os dois bisnetos no berço berrando de fome. Ninguém dá atenção. Apenas Augusto dá atenção à esposa naquela noite e por mais cinquenta...e agora na floresta: Bom dia de sol. As folhas das minhas vizinhas já se agitam. Os pássaros cruzam as sombras. Mais uma etapa da minha vida no meio da floresta. O que é isso ? Um barulho mecânico estrondoso. Árvores milenares tombando. Está cada vez mais perto. O homem de capacete e barba se aproxima. O que é isso na mão dele ? Corta-me rente ao chão. Vai poder ver através dos anéis de crescimento do meu toco que eu ia completar cinquenta anos de vida hoje....e agora no presídio: Ela era uma vagabunda. Traia Junior com todos. Ele sabia. Mas tinha na verdade uma tara por ela. Tudo ia bem até o dia em que a cena surgiu, o sangue subiu, o revolver falou. Três tiros na cara de Silvinha. Foi condenado. Completa hoje cinquenta anos de reclusão. Tanta rebelião assistida, cabeças cortadas, amizades inexatas. Aprendeu a ler. Virou pastor. Acha até que a pena já foi cumprida, mas fazer o que lá fora ? Sem família, sem emprego, sem Silvinha. Vai ficando. Protegido pelas grades da tristeza...e agora no clube:  Cinco mesas lotadas. Senhoras de cabelo branco ou azul claro. Cada uma com várias cartelas prontas para começar o bingo comemorativo do C.R.I.D.E. (Clube Recreativo das Idosas Desocupadas de Esperançópolis). Afinal, estão completando meio século de existência. Alguém quer dizer alguma coisa antes de começar o bingo ? Vamos tocar o hino nacional, pelo menos ? Ninguém se mexe. Então vamos lá. Roda a esfera. As bolinhas de madeira numeradas desesperam-se ritmicamente. A presidenta suspende a agitação, aperta o gatilho e sai o primeiro número: cinco, zero, cinquenta. Bingo ! Grita a desatenta da mesa quatro....e agora sob as traves: Max Touro já jogou no Maracanã, com a casa cheia. Era contra o Vasco. Jogava no gol do Bangu. Perderam de seis a um. Depois foi jogar na segunda divisão do campeonato capixaba. Defendeu o ASA e o Remo. Voltou para o Rio de Janeiro, na terceira divisão e agora estava em Palmas, aos quarenta e nove minutos do segundo tempo da decisão do futebol de várzea da turma do Fundo Seco. Dois a dois. O jogo já devia ter terminado. O empate dava o título para o seu time, mas o juiz marcou pênalti contra a sua meta. Max Touro esbravejou, sem razão, pois o beque quebrou a tíbia do ponta direita. Agora, o título está nas mãos dele. O relógio marca cinquenta minutos do segundo tempo. O atacante adversário, um molecote de dezenove anos, coloca a bola na marca. Max Touro bate as palmas das luvas velhas com determinação. O pó se expande a sua frente. Solta um urro de raiva. Será a glória do goleiro experiente de cinquenta anos, contra a insegurança da juventude. Imagina a festa no bar do Plínio a noite toda. Farra, mulheres, basta pegar o chute do fracote. Goleiro num canto. Bola no outro...e agora no palco: A platéia impaciente, lota as poltronas vermelhas há horas. Os corredores repletos de fãs no chão. O cantor está comemorando cinquenta anos de carreira com o show do século. As melhores canções do repertório e a orquestra completa com backing vocal. O preço do ingresso foi de arrepiar o bolso do consumidor. Mas tudo vale a pena na noite que ficará para sempre. É só pisar no palco, dar boa noite e desfilar o festival de sucessos que todos sabem na ponta da língua. Nada melhor que coro de fãs. O cantor entra. Ovacionado, levanta os braços agradecendo, mais de cinco minutos de aplausos, assobios e “lindo” e “te amo”. Todos se acalmam. O maestro conta em silencio, os violinos fazem a introdução e a voz não sai. Completamente afônico de emoção. Devolveram o dinheiro. Foi inesquecível....e agora na barriga: Sheila sempre quis engravidar. Predestinada. Tentou com os namorados, com o primeiro marido, que se separou por se sentir incomodado pela obsessão conjugal, com o segundo marido, que morreu sem poder ser pai. Agora, com cinquenta anos, conseguiu uma produção independente com o professor de teatro da universidade. Ele nem sabe. Segundo os exames, quase cem por cento do filho nascer com Síndrome de Down. Mas vai ser amado com todas as forças que uma mulher tem dentro da alma....e agora em Cuba: Martinez pede um mojito no Bar Havana, de frente para a praia. Bastante gelo e hortelã. Ouve os passos dos militantes da Revolução Cubana comemorando cinquenta anos. Lembra do amigo confidente Che, do colega Fidel, dos companheiros de luta, dos que morreram, dos que viveram, dos que sobreviveram ao regime trocando simplesmente de farda e agarrando o poder. A força só mudou de lado. A justiça ficou risível. O coração aperta. Lembra de George Orwell, de Animal Farm e dos porcos. No chiqueiro da ilha, alguns porcos eram mais que outros. Só ficaram iguais na morte. Seu mojito, senhor. Gracias. Um brinde ao esquecimento, à utopia, à sátira da vida...e agora na paróquia: A missa não vai começar ? Estão esperando o bispo. Sempre assim. Mas tem que esperar mesmo. Além de ser a autoridade máxima da região, a missa é para celebrar o cinquentenário da Diocese e da Ordenação Episcopal dele. Acho a Diocese tão abandonada. Nem teria o que comemorar. E, além disso, está atrasado. Calma. Pronto, já chegou. Onde está o Bispo ? Dando uma cochilada na sacristia...e agora na viagem: Matilde pega a fila de embarque, escolhe o primeiro turno do jantar e cabine externa. Embarca pela primeira vez em um cruzeiro marítimo. Os shows noturnos são previsíveis, mas servem como passatempo. Toda dia um drinque no bar da piscina. Observa os jovens casais de mãos dadas. Engorda uns dois quilos na viagem. Faz amizades, perde um pouco de dinheiro no cassino, compra perfumes. Viúva, viaja solitária para comemorar os cinquenta anos de casamento que faria com Pacheco, que odiava mar, navio, celebrações...e agora na paz: Kikushi assiste pela televisão as festividades do fim da Segunda Guerra Mundial. Líderes do mundo inteiro celebram. A demência do Alzheimer deixa-o confuso. E as guerras e guerrilhas pela África, Oriente Médio e ilhotas perdidas no mundo ? Frutos da sua imaginação ? Se pudesse retornar no tempo. Lembra como se fosse hoje. Acordou cedo, brigado com a namorada. Aceitou trabalhar na cidade vizinha. Pegou o trem das seis da manhã e quando chegou ao destino, a notícia de que havia acontecido algo em Hiroshima. Tudo que existia, passou a ser sombra do horror. Toda a mágoa por seu amor ficou desimportante. A vida, agora retratada na tela colorida no meio da sala por pombas, pompas e circunstâncias, foi explodida sem consentimento há muito tempo atrás...e agora no rádio: A estrada livre convida o motorista a acionar o acelerador com mais firmeza. Pisa fundo. O vento força a moça bonita no banco do passageiro a segurar o chapéu florido. Vai voar daqui há pouco. Não faz mal, ele compra outro para ela. O asfalto imaculado, os cactos solitários e os coiotes farejando as presas. Pisa mais fundo. As luzes do carro se acendem. O laranja do por do sol funde-se às esculturas do deserto. O ator norte-americano, completando cinquenta anos, pisca para a recente namorada sem nome, dá um sorriso e quando torna a olhar para o pára-brisa, o horizonte está torto. Perdeu a direção. O carro capota várias vezes. No Bagdad Café, o balconista limpa, com pano encardido, a passagem dos escassos clientes ao longo do dia. Ouve nas ondas curtas que o famoso artista de cinema acaba de perder a vida pertinho dali. E continua limpando o balcão...e agora no salão de festas: Filha, a sua madrinha comprou com carinho. Eu não quero. É uma boneca, como você gosta. Se eu soubesse que era isso, preferia roupa. Você acha que se ela não gostasse tanto da afilhada dela, ela não daria um presente tão bonito no dia do seu aniversário ? Ela pode até gostar de mim, mas eu não quero e pronto. Tira pelo menos da caixa para ver como é. Olha o cabelão loiro dela, que bonito. De jeito nenhum. Filha, a madrinha vai ficar sem graça. Mãe, se ela realmente gostasse de mim, não compraria uma boneca Barbie pra mim. A senhora sabia que ela fez cinquenta anos na semana passada ? Eu vi no Google. Isso não é boneca. É uma antiguidade. Que fique pra ela. E correu atrás da moça do algodão doce...e agora no campus: Greves, início de aulas, teses defendidas, debates, namoros escondidos, formaturas, luta pelo poder, professor se esforçando, funcionário cochilando... Os hieróglifos na lousa, o repouso do giz, a cola sob a carteira, as janelas quebradas, os computadores chegando, o espírito de aprender a empreender a vida. Daqui saíram empresários, ministros, educadores, donas de casa, banqueiros e bancário. Se as paredes falassem. Passei por tanta coisa, mas valeu a pena. É bom estar completando cinquenta anos de existência. Que eu continue assim, perseverante no saber...e agora José: A festa acabou, o bolo mofou, a luz apagou, o aluno dormiu. Cortaram a árvore sem nome, o amor desabrochou, o bispo assumiu. Na parede nua da cela, o desenho do cavalo preto toma volume. O preso fugiu. A revolução saiu galopando pela vida cinquentenária de emoções, lembranças, tristezas e conquistas. Não é fácil comemorar perante as manchetes de jornais. A amnésia é remédio para o início das próximas bodas. Mas agora é o momento de chamar o Carlos e celebrar.

sábado, 18 de dezembro de 2010

1 Frase de Charles Chaplin


"Pensamos demasiadamente.
Sentimos muito pouco.
Necessitamos mais de humildade do que de máquinas.
Mais de bondade e ternura do que inteligência.
Sem isso,
a vida se tornará violenta
e tudo se perderá."

Charles Chaplin